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O novo campo de batalha político: IA e redes sociais

O novo campo de batalha político: IA e redes sociais

POLITICA

Edson Nogueira

7/12/20254 min read

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O novo campo de batalha político: IA e redes sociais

A política brasileira entrou em um novo estágio de comunicação estratégica. Partidos e órgãos governamentais têm investido intensamente na produção de conteúdos digitais — especialmente vídeos — para influenciar o debate público. Uma das novidades que marcam esse período é o uso da inteligência artificial (IA) como ferramenta central nesse processo.

Essa dinâmica vem sendo chamada por alguns analistas como “disputa narrativa digital”, na qual diferentes grupos competem pela atenção e adesão do público às suas propostas por meio de conteúdo audiovisual viral e campanhas estrategicamente impulsionadas.

Mobilização digital e novas formas de militância política

O papel da militância política também foi transformado pelas tecnologias digitais. Antes restrita a ações presenciais e organizadas, a militância hoje se dá de forma espontânea, descentralizada e amplificada pelas redes. Ferramentas como geradores de vídeos por IA, edição automatizada e algoritmos de segmentação têm potencializado a capacidade dos grupos políticos de produzir e divulgar mensagens com alto teor emocional.

Estratégias observadas:

  • Criação de vídeos explicativos e emocionais com voz sintetizada e animação digital

  • Aproximação de narrativas políticas complexas com linguagem simplificada

  • Produção em escala com uso de IA generativa para roteiros e edição

  • Distribuição segmentada por temas de interesse, geografia e perfil socioeconômico

Essa nova militância é marcada menos por ideologia explícita e mais por afinidade com causas específicas — como justiça fiscal, direitos sociais e combate à desigualdade.

Justiça fiscal como narrativa de massa: uma proposta com apelo popular

Entre os temas que mais ganharam destaque nas redes sociais, a proposta de justiça fiscal tem ocupado papel central. A ideia de que grandes fortunas deveriam contribuir mais para o orçamento público encontrou forte adesão, especialmente entre a juventude conectada e os segmentos da classe média afetados por impostos regressivos.

Elementos da narrativa fiscal:

  • Linguagem acessível: “Quem tem mais, deve pagar mais”

  • Exemplos visuais de desigualdade econômica brasileira

  • Simulações em vídeo mostrando impacto da tributação sobre super-ricos

  • Apelos à solidariedade social e redistribuição justa de recursos

O debate sobre a taxação de fortunas, grandes heranças e fundos exclusivos tem mobilizado tanto intelectuais quanto influenciadores digitais, elevando o tema ao status de pauta prioritária para diversos grupos progressistas.

A presença institucional nas redes: entre comunicação e propaganda

A profissionalização da comunicação pública nas redes sociais também merece atenção. Perfis oficiais de órgãos governamentais passaram a publicar conteúdos não apenas informativos, mas claramente voltados à construção de narrativas favoráveis às ações do Executivo.

Características da comunicação institucional atual:

  • Respostas rápidas a eventos políticos com linguagem direta

  • Publicações com tom informal, uso de memes e ironias

  • Reforço de pautas sociais com vídeos explicativos e gráficos interativos

  • Integração entre a comunicação de governo e partidos aliados

Essa proximidade entre comunicação institucional e partidária levanta debates sobre os limites éticos da atuação estatal nas redes e a necessidade de preservar a neutralidade dos canais públicos.

Inteligência artificial como acelerador da comunicação política

A IA tem atuado como catalisadora desse novo modelo de comunicação. Ferramentas baseadas em processamento de linguagem natural, edição automatizada de vídeos e modelagem de comportamento digital permitem que campanhas sejam criadas com agilidade e precisão.

Aplicações práticas:

  • Criação de vídeos informativos em minutos com vozes sintéticas

  • Tradução automática e legendagem para inclusão digital

  • Monitoramento de tendências para ações em tempo real

  • Personalização de mensagens por perfil demográfico

A IA democratiza a capacidade de produção de conteúdo, mas também impõe desafios éticos, especialmente quando usada para influenciar decisões eleitorais ou manipular emoções.

Oportunidades: como a tecnologia pode fortalecer a democracia

Apesar dos riscos, a adoção da tecnologia na política também abre oportunidades relevantes para o fortalecimento do debate democrático.

Pontos positivos:

  • Ampliação do acesso à informação política de qualidade

  • Redução de barreiras de linguagem e compreensão

  • Maior engajamento em temas como justiça fiscal e direitos sociais

  • Possibilidade de escuta ativa e feedback digital em tempo real

Grupos historicamente excluídos do debate político — como populações periféricas, jovens não escolarizados e trabalhadores informais — podem encontrar na comunicação digital uma porta de entrada para o ativismo e a participação.

Ameaças e riscos: o que deve ser monitorado

Por outro lado, o uso intensivo de IA e estratégias digitais sem regulamentação adequada pode comprometer a integridade democrática.

Riscos identificados:

  • Disseminação de desinformação por meio de vídeos manipulados

  • Automatização excessiva da comunicação, gerando desumanização

  • Supressão de opiniões divergentes em plataformas com moderação parcial

  • Campanhas disfarçadas de informação neutra, dificultando o contraditório

A transparência sobre o uso de IA, a rotulagem de conteúdos gerados artificialmente e a regulamentação do uso político de algoritmos são medidas fundamentais para preservar a ética da comunicação pública.

A revolução silenciosa da política digital brasileira

A política brasileira vive uma revolução silenciosa, movida por códigos, cliques e narrativas. A entrada da inteligência artificial na arena pública não apenas transforma a forma como ideias são disseminadas, como também redefine os contornos da militância, da representação e da mobilização popular.

O tema da justiça fiscal surge como catalisador dessa transformação, ao unir pautas sociais históricas com novas estratégias digitais. Mas o futuro dessa revolução dependerá da capacidade de equilibrar inovação com responsabilidade, tecnologia com humanidade e estratégia com pluralismo.